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6 de dezembro de 2016
Prorrogada a exposição ” Guerra do Contestado, Arte e Historia por Hassis” no MASC

A exposição ganhou mais tempo no Masc, confira as obras desse grande artista até dia 26 de fevereiro.

Em uma parceria entre: Fundação Hassis, MASC – Museu de Arte de Santa Catarina, Fundação Cultural de Cultura – SC, Museu do Contestado e Museu Histórico do Rio de Janeiro apresentamos uma das séries mais importantes do artista Hassis, que neste ano completaria 90 anos de idade.  A exposição é composta por registros feitos em desenhos que conta a história do conflito que durou quatro anos e marcou com sangue a história do sul do País. Apresenta uma seleção de fatos ilustrados em 78 gravuras feitas a nanquim em bico de pena. Para essa exposição apresentamos uma de suas principais obras, o painel, “O Contestado – Terra Contestada”, finalizado em 1985, dividido em sete módulos com 2,75m (alt) x 1,80m (larg) com 36 metros quadrados de pintura em acrílico. Conta em fases a história da guerra, os conflitos, a fé religiosa, os mercenários, as grandes empresas, o trem de ferro, que é o mais importante registro pictórico sobre o fato que devastou o vale e matou cerca de 20 mil.  pessoas que neste ano de 2016, marca o final da guerra que foi marcada pela prisão de Aderbal, um dos últimos caboclos que comandaram o povo nos confrontos. Dava-se o fim aos confrontos que duraram quatro anos. São 100 anos, que não apagaram as suas marcas. Tornar visível, para não deixar apagar a importância de um povo forte, que não deixou-se dominar.

Compõe a exposição, um documentário produzido pela Fundação Cultural de Santa Catarina. Outro vídeo mostra o artista, sua relação e sua produção em torno do tema.

painel em ordem

Hassis concebeu Contestado – Terra Contestada como uma síntese de sua interpretação autoral da Guerra do Contestado. Encontrou inspiração nas lembranças narradas por seu avô, combatente da guerra, e pelo seu pai também militar. Tal como o artista documentou, as sete seções do grande painel de 2,75m por 12,60m estruturam uma composição em quatro partes: A primeira, a chegada do monge João Maria com a bandeira do Divino e sua pregação religiosa junto à irmandade cabocla; A segunda, a chegada do trem que pela ação de mercenários promoveu a expulsão dos caboclos de suas terras, a matança de grupos indígenas e o desmatamento; a terceira, o culto popular de José Maria como o novo messias, tendo frei Rogério como mediador, e a caracterização de “Os Pelados” como seus seguidores; a quarta parte representa o combate da Batalha de Irani, em que morreu o monge José Maria e o militar coronel João Gualberto, seguida dos massacres de Taquaruçu, Caraguatá e outros redutos. O contraste das cores, a ausência de cenários e as figuras simplificadas descontextualizam os fatos e afirmam uma leitura da história abrangente conduzida pela construção artística que sublinha a violência e a injustiça como marca da história e da construção das sociedades.

Os conflitos travimagem desenhoados na região do Contestado entre 1912 e 1916, são frequentemente
compreendidos como disputa de fronteiras entre os estados de Santa Catarina e Paraná. Todo o processo, no entanto, esteve relacionado com a questão do direito à terra que opôs pequenos proprietários e o grande capital envolvido com a implantação de ferrovias e exploração de madeiras com apoio do poder federal diante de interesses locais e regionais. Os acontecimentos ocorreram, de fato, num ambiente de religiosidade popular e cuja militarização nacionalizou a repercussão dos acontecimentos. Se a memória dominante confirma a vitória da unidade nacional e da razão sobre o misticismo, a memória popular e subterrânea guarda a lembrança da opressão violenta. Entre lembranças e esquecimentos é que se instala a arte de Hassis.

Na sua série de desenhos sobre a Guerra do Contestado, Hassis apresenta uma narrativa dos acontecimentos do conflito social, produzindo uma representação de linhas fortes, em que o preto e branco se transformam em luzes e sombras. Cada cena a cada desenho trata factualmente a história para ressaltar a ação de cada sujeito social e cada personagem, para ressaltar a violência de mortes e emboscadas traiçoeiras, assim como o sofrimento de mulheres famintas e filhos assustados nos braços, chorando a morte. Cada cena contém uma dramaticidade singular, repleta da dor da guerra e que contém uma verdade criada por uma pesquisa que tem como base uma visão artística da história.

 

Curadoria: Denilson Antonio

Local: MASC – Museu de Arte de Santa Catarina

abertura no dia: 07/12

Horário: 19:00

visitação: 08/12/2016  a 05/02/2017.